A FERRAMENTA DE CADA UM

O que mais quero na vida?? Nem eu sei! O ser humano é especialista em não se contentar com o que tem. Não querendo ser rasteiro nos exemplos, mas quem tem cabelo liso, por exemplo, queria um belo cacheado, quem é cheinho, gostaria de perder peso, quem é alto, mais baixo, e quem é baixo, uns centímetros a mais viriam a calhar. Quem é jovem, a experiência da vida poderia atrair atenções, para quem está velho, a nostalgia da idade-flor vem à tona. Com esses exemplos fica a Nota: Quem é feliz com o que tem??? Será que consigo superar obstáculos, vencer na vida, alcançar novos horizontes com o que tenho??? Ou será necessário algum "Up-grade" no meu corpo, na minha vida, para assim ser mais feliz?? Vou mais além: Será que isso faz parte da nossa natureza humana mesmo ou é fruto do inconsciente coletivo, cultivado na nossa sociedade moderna, fútil e descartável???? Hummm... difícil de responder, mas certamente essa não é o foco da questão. Certa vez vi um rapaz, com deficiência visual, um cego mesmo, de nascença. Eu o reparava de longe o bastante para ele não me perceber, mas não tão longe o suficiente para sentir a sua supremacia em meio ao que para mim seria uma falta tremenda. Observando ele conversar com os que estavam à sua volta, notei a minha pequenês em meio ao que ele tinha em destaque: Sua auto-estima e comunicação. Era um ser tão envolvente nas suas palavras, na forma de se expressar e na sua sapiciência que aquilo que para mim seria uma falta, a ponto de entrar em desespero, para ele não era importante. Aos poucos fui me chegando, atraído pelo universo que estava à minha frente e mesmo admirado com a comunicação personificada em carne e osso, motivado pelo falso sentimento de pena, perguntei se a visão lhe fazia falta? Resposta: O que é visão? Daí, idiotamente trepliquei: Enxergar, vê etc. - Ah! a Percepção de imagens? Não, não faz falta até pq não percebo dessa forma! E assim ele continuou: - Como posso sentir falta de algo que nunca tive? É como ter saudade de uma pessoa que nunca existiu, saudade de voar com os próprios braços sem nunca ter tido penas, ou até sentir a falta de filhos que nunca tive. Bem, quando estava me colocando na minha posição de insignificÂncia, ele continuou naturalmente com suas palavras falando sobre a Bolsa de Valores, política internacional e nacional, dos problemas sociais que alguns países passam, afora o nosso e até mesmo de um tal de Sheng não o sei do que, da Coréia. FIQUEI ARRASADO! Não pelo fato dele ser cego, mas por eu não enxergar o que tinha por trás daquilo que interpretava como deficiência. Bem, me tornei o deficiente do momento, por não compreender metade do que aquela criatura falava. Com certeza, a minha percepção mudou dali por diante, pois pude ser uma testemunha que a pessoa pode sim, vencer na vida com o que Deus dá, basta taão somente trabalhar, moldar quilo que ainda se encontra em estado bruto, e transformar numa jóia valiosa. O demais... o demais será o somatório para vivenciar a plenitude da vida. Trocado em miúdos: VAmos trabalhar com o que se tem e deixar de cobiçar o que está fora do nosso alcance. Com o tempo e dedicação, o resultado virá... Oooww se viráááááá!!!